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  • Foto do escritorAlana Duarte

A prisão silenciosa

Atualizado: 12 de mai. de 2021

Nosso segundo dia em Port Arthur (e último na Tasmânia) começou cedo e fomos direto aproveitar mais uma visita no sítio histórico. No dia anterior, nossa guia havia falado cobre uma prisão separada da penitenciária "normal" onde o tipo mais severo de punição era o silêncio (The Separate Prison - 1849). Os presos ficavam lá nas solitárias, em total escuridão e silêncio. Acreditava-se que era no silêncio que os homens se arrependeriam de seus pecados. Também ficamos sabendo, antes de visitar o local, que a arquitetura do lugar foi inspirada por um modelo britânico de 1842 (Britain’s Pentonville Prison), onde os presos estavam em constante vigilância, isolamento e tortura. Como arquiteta, isso me fez lembrar do "modelo ideal" de penitenciárias do século XVIII, o panóptico.


Entrar lá assusta um pouco... diferente das outras ruínas que a gente tinha visto, essa é isolada de barulhos externos e a gente fica o tempo todo meio agoniado ouvindo cochichos e sussurros. No começo você não sabe se é alguém falando ou se é proposital, até que você se dá conta. Observando outras pessoas entrando, percebe-se que elas tiveram a mesma sensação que a gente, de ficar olhando pra trás vendo se tinha alguém falando com você. É muito louco.


O processo de conservação do prédio foi feito entre 2007 e 2012 e em cada porta existe um olho mágico onde você pode saber mais sobre os presos. Uma delas é aberta pra gente ver como era lá dentro (ver vídeo abaixo).

A área das solitárias

Não tenho certeza absoluta, mas acredito que a foto abaixo mostra o local onde os presos recebiam luz de sol e faziam exercícios em um curto espaço de tempo.


Dentre as regras da prisão, podemos ver que o tempo de exercícios era apenas de 1h (regra 88) - as outras 23h eram em total isolamento - , eles não podiam se encostar nas paredes nem colocar as mãos em suas roupas (regra 90), além de que eles não podiam fazer nenhum barulho durante os exercícios (regra 91).


Nós também fomos no hospício (The Asylum), que é um prédio anexo à Separate Prison. Hoje em dia lá tem um museu, com vários itens como roupas, pratos e outros utensílios que os próprios presos faziam.


Nós fomos em vários outros prédios, incluindo casas, igreja e hospital. As casas sem dúvida são meu ponto fraco, porque fico imaginando a dinâmica da família pela disposição dos cômodos. Algumas delas abrigam pequenos "museus". Mas sem dúvidas, a Separate Prison foi a mais impactante, porque é realmente um lugar que te deixa meio incomodado.


Ruínas da igreja

Passamos um bom tempo por lá e por último Adriano quis ir no Memorial Garden (eu não quis), onde as pessoas mortas no massacre de 1996 foram homenageadas (se você não sabe do que eu estou falando, eu conto um pouquinho nesse post AQUI).

(Tradução) "No dia 28 de abril de 1996, o Sítio Histórico de Port Arthur foi alvo de um crime devastador. Nessa área e proximidades, um único homem matou 35 pessoas e feriu muitas outras. Dentre as vítimas estavam pessoas que trabalhavam no sítio histórico e 20 pessoas morreram no local. Depois do tiroteio, houve vários atos de bravura na tentativa de resgate aos feridos, mesmo sem ninguém saber se o atirador ainda estava por lá. No dia seguinte, o criminoso foi preso pelas redondezas, tendo como pena a prisão perpétua, sem direito à liberdade condicional. O crime, que teve repercussão em todo mundo, causou indignação e luto e muitas pessoas ainda sofrem as consequências do trágico evento. O Memorial Garden foi pensado para ser um local de reflexão para todos os que visitam o site, sobre o que aconteceu ali anos atrás."


Terminados os passeios, almoçamos no restaurante do Sítio Histórico e voltamos para Hobart. Fomos novamente para o Jardim Botânico pra dar uma descansada, porque nosso vôo seria só à noite. Passeamos, descansamos e como ainda faltava muito tempo pro vôo, fui olhar alguma outra coisa pra gente fazer e passar o tempo mais rápido. Até que me dei conta que a gente esqueceu de conhecer um dos maiores pontos turísticos de Hobart, o Mount Wellington. Entrei no site e chequei se a estrada tava aberta, porque às vezes ela fecha, principalmente no inverno, já que tem neve por essa época. Pra chegar lá leva entre 30-40 minutos de carro, a partir do centro de Hobart, então decidimos ir. Mas sério, foram os 30 minutos mais longos da vida! A estrada é super estreita e inclinada. O topo do monte está a mais de 1.200m acima do nível do mar e deu muito medo subir aquilo ali. Foi tenso! Enfim chegamos no topo... mas olha... era um vento tão, mas tão frio que nem quero saber quantos graus tava fazendo! hahaha. A vista é linda, de tirar o fôlego, mas não sei se valeu todo o medo e o frio que a gente passou por lá não... nem foto deu pra gente tirar direito! Mas com certeza foi bom ter conhecido.



E assim a gente se despede de Hobart... Foi uma viagem linda, onde a gente descansou e aproveitou bastante! Foi a nossa primeira aventura com Danilo na barriga e mal posso esperar pra ele estar aqui do lado de fora curtindo com a gente!


See you soon!

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